Biblioteca Pública Municipal Cruz e Sousa


A Biblioteca Pública Municipal foi criada pelo decreto-lei nº 44, de 05 de maio de 1941, pelo então prefeito Municipal Frederico Hardt, tendo como secretário-geral: Sr. Theobaldo Costa Jamundá. Em 18 de abril de 1942, pelo decreto-lei nº 62, assinado pelo prefeito em exercício Sr. João Maria de Araújo e o Secretário-Geral Theobaldo Costa Jamundá, foi dado à Biblioteca Pública Municipal, o nome “Cruz e Sousa”, grande poeta simbolista catarinense.


Em 03 de outubro de 1988, a Biblioteca Pública Municipal Cruz e Sousa, foi inscrita no Instituto Nacional do Livro, sob nº 409, na categoria: Biblioteca Pública. A coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, registrou a Biblioteca “Cruz e Sousa”, conferindo-lhe o registro de nº 1522.

Espaços ocupados

Desde sua criação a Biblioteca ocupou vários espaços:

No período de 1941 a 1988 a Biblioteca funcionou junto ao prédio da Prefeitura Municipal de Indaial. Em 12/11/1987, com a criação da Fundação Indaialense de Cultura Prefeito Victor Petters, através da lei nº 1660, pelo então prefeito Luiz Polidoro, a Biblioteca Pública Municipal Cruz e Sousa, passa a ser responsabilidade desta entidade.

Em caráter provisório, a entidade, juntamente com a Biblioteca, passam a funcionar no período de 12/08/1988 a setembro de 1992 no prédio da Estação Ferroviária, localizada à rua Pref. Frederico Hardt nº 318 – Centro – Indaial.

Em 1990, na administração do prefeito Victor Petters, em 20 de agosto de 1990, pelo decreto nº 1463, declara de utilidade pública para fins de desapropriação um terreno urbano citado nesta cidade, com área aproximada de 37.000 m², edificada com um imóvel de alvenaria, em estilo colonial e mais um anexo coberto com telhas de fibro-amianto, situado à rua Dr. Blumenau, nº 05 – Centro – Indaial -SC. Em 08 de setembro de 1992, pelo Decreto Lei nº 2129, fica criado o Parque Público Municipal “João Schulemburg”, nos termos do artigo 174, inciso I, da Lei Orgânica do Município de Indaial, para fins de implantação de atividades culturais, artísticas, de preservação, lazer, educação e atividades afins – atual sede da Fundação Indaialense de Cultura Prefeito Victor Petters, que começa a funcionar em sede própria.

A casa de alvenaria abrigava a parte administrativa. O salão anexo com 416,77 m², abrigava: Biblioteca Pública Municipal “Cruz e Sousa”, banheiros, salão de exposições e cursos: Escolinha de Artes, Pintura em óleo sobre tela e Dança folclórica.

Em 1993, no período compreendido entre 1993 e 1994, o salão ganhou divisórias abrigando: Biblioteca, Arquivo e Patrimônio Histórico, Cozinha e Banheiros. A casa de alvenaria, passou a abrigar além da parte administrativa, a equipe técnica e cursos de Artesanato (pintura em tecido e em vidro).

Em 04/07/1996, na gestão do então Prefeito, Frederico João Hardt, a Prefeitura Municipal de Indaial, recebe do MINC/FNC nº 009/96, por intermédio do Ministério da Cultura, através do Fundo Nacional da Cultura, verba para a ampliação do espaço físico da Biblioteca Pública Municipal “Cruz e Sousa”, obra esta a ser desenvolvida em parceria com a Prefeitura Municipal de Indaial. A reforma inicia em setembro de 1996, com o reforço dos pilares de sustentação do prédio, interrompida em dezembro do mesmo ano.

Em agosto de 1997 o prédio da Fundação Indaialense de Cultura entra novamente em reforma para a conclusão do projeto de ampliação, com levantamento do pavimento superior, na gestão do então prefeito Luiz Polidoro. A verba utilizada pela Prefeitura, para a conclusão desta obra, foi feita via empréstimo através do FAPEN. Mais uma vez a Biblioteca Pública Municipal “Cruz e Sousa”, precisou ser transferida em caráter provisório, passando a se instalar à rua Pref. Frederico Hardt nº 323 – Centro – Indaial/SC, no período de 01/09 a 15/12/1997, e na Prefeitura Municipal de Indaial no período de 09 de fevereiro a julho de 1998.

A reinauguração a Biblioteca, acontece justamente em 1998, ano este marcado pelas comemorações do Centenário da Morte de “Cruz e Sousa”. Ao reabrir suas portas, em espaço definitivo e ampliado no prédio da Fundação Indaialense de Cultura , trouxe melhorias no sistema de informatização e na distribuição de estantes, mobiliário e atendimento em geral, tudo dentro dos mais modernos padrões técnicos de conhecimentos bibliográficos.

Quem foi Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa nasceu em 1861, em Santa Catarina. Filho de escravos, o próprio poeta nasceu na condição de escravo. Sua família foi alforriada no início da Guerra do Paraguai. Sob a proteção de seu antigo dono, estuda no Liceu Provincial Catarinense. Em 1882, juntamente com Virgílio Várzea, dirige a Tribuna popular, jornal abolicionista. Em consequência de problemas de preconceito racial, vê-se obrigado a abandonar, em 1883, sua terra natal; passa a viver no Rio de Janeiro e sobrevive trabalhando na estrada de Ferro Central do Brasil.

Em 1893 casa-se com Gavita Rosa Gonçalves, o casal teve quatro filhos, todos prematuramente falecidos. Gavita enlouquece. Tuberculoso e pobre, Cruz e Sousa procura refúgio na cidade mineira de Sítio, onde falece em 1898.

Cruz e Sousa é sem dúvida a figura mais importante de nosso Simbolismo. Sua obra apresenta uma evolução importante, uma vez que abandona o subjetivismo e a angústia iniciais para posições mais universalizantes. De fato, sua produção inicial, que fala da dor e do sofrimento do homem negro (com evidentes colocações pessoais), evolui para o tema do sofrimento do homem.

Em suas poesias estão sempre presentes a sublimação, a anulação da matéria para a libertação da espiritualidade, só conseguida na sua totalidade pela morte; uma incrível musicalidade, com uso frequente de aliterações; uma obsessão pela cor branca e por tudo aquilo que sugere brancura e alvura.

Últimos Sonetos – Cruz e Sousa

Piedade
O coração de todo o ser humano
foi concebido para ter piedade,
para olhar e sentir com caridade,
ficar mais doce o eterno desengano.


Para da vida em cada rude oceano
arrojar, através da imensidade,
tábuas de salvação, de suavidade,
de consolo e de afeto soberano.


Sim! Que não ter um coração profundo
é os olhos fechar à dor do mundo,
ficar inútil nos amargos trilhos.


É como se o meu ser compadecido
não tivesse um soluço comovido
para sentir e para amar meus filhos!